Coordenadas (Coordinates)
Coordenadas (Coordinates) is the photo essay first published by Galeria Espaço sem Nome (Gallery Unnamed Spaces), curated by Gabriel Kogan and Clara Figueiredo. These ten images are sold as prints through the gallery’s website. Click here for more.
To where the camera points.
For fifteen years, architectural photography has been my professional practice. These fifteen years and the rigor of this representation standard have constituted my repertoire and my iconographic production. In the essay COORDINATES, this is no different.
This essay was conducted over a year, between May 2020 and 2021. All the photos were taken from the same location, with the camera’s position varying no more than 200 meters between the images. A collection of photographs emerges from the forests of the Mantiqueira mountain range in Brazil. The positioning of natural light, the strict framing, the idea of forming an architectural space amidst the landscape – all these create an almost infinite combination of elements, objects, reflections, yellows, greens, and grays. The architectural project design, which greatly informs my production, gives way to gallery forests and the carpet of Araucaria trees.
In the other set, there are images of the sky, a kind of hybrid photography. They contain elements of canonical astrophotography, fundamentally technical and for measurement purposes, which here are reworked and reinterpreted as free and investigative photographs. Each of these photographs is composed of hundreds to thousands of individual exposures. To capture what is beyond the resolution capacity of the eye, intensities of light are combined through the addition of numerous images. In this type of photography, the act of photographing ceases to be “the record of a mutable moment” and becomes the summation of many moments of what is immutable. Or, almost immutable when compared to the duration of our human existence. If a new point of light emerges where there was nothing before, there is a novelty in the sky. There, where the camera pointed, lies the discovery.
Para onde a câmera aponta.
Há quinze anos, a fotografia do projeto de arquitetura constitui o meu fazer profissional. Esses quinze anos e o rigor deste padrão de representação constituíram meu repertório e minha produção iconográfica. No ensaio COORDENADAS, isso não é diferente.
Este ensaio foi realizado ao longo de um ano, entre os meses de maio de 2020 e 2021. As fotos clicadas, todas, a partir de um mesmo local. A posição da câmera dista não mais que 200 metros entre as imagens. Das matas primárias e secundárias da serra da Mantiqueira forma-se um conjunto de imagens. O posicionamento da luz natural, a rigidez de enquadramentos, a ideia da formação de um espaço arquitetônico em meio à paisagem. Uma quase infinita combinação de elementos, objetos, reflexos, amarelos, verdes e cinzas. O desenho do projeto arquitetônico, que tanto informa minha produção, cede espaço às matas de galeria e ao tapete de araucárias.
No outro conjunto, as imagens do céu. Uma espécie de fotografia híbrida. Há nelas elementos da astrofotografia canônica, fundamentalmente técnica e de aferição, que aqui passam a ser trabalhadas e retrabalhadas como fotografias livres e investigativas. Cada uma destas fotografias é composta de centenas a milhares de registros individuais. Para registrar o que está além da capacidade de resolução do olho, somam-se intensidades de luz a partir da sobreposição de incontáveis cliques. Nesse tipo de fotografia, o ato de fotografar deixa de ser “o registro de um instante mutável”, tornando-se a somatória de muitos instantes daquilo que é imutável. Ou, quase imutável se comparado a duração de nossa existência humana. Se um novo ponto de luz surgir, onde antes não havia nada, tem-se uma novidade no céu. Ali, para onde a câmera apontou, a descoberta.